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Um dia após o aniversário de Hagi, relembre a imortal seleção da Romênia na Copa de 1994

Grande feito: Sexta colocada na Copa do Mundo da FIFA (1994). Conseguiu o melhor resultado da história do futebol romeno.
Um dia após o aniversário de Hagi, relembre a imortal seleção da Romênia na Copa de 1994

Time base: Florin Prunea (Bogdan Stelea); Dan Petrescu, Daniel Prodan, Tibor Selymes, Gheorghe Mihali e Miodrag Belodedici; Ioan Lupescu, Gheorghe Popescu e Dorinel Munteanu; Gheorghe Hagi e Ilie Dumitrescu (Florin Raducioiu). Técnico: Anghel Iordanescu.

 “Hagi e sua orquestra”

O final dos anos 80 e o início dos 90 foram simplesmente mágicos para o futebol romeno. Mero figurante por décadas no cenário internacional, o país conseguiu virar protagonista graças a uma geração de ouro que fez história em 1986 vestindo a camisa do Steaua Bucareste, primeiro e único clube romeno campeão da Copa dos Campeões. Muitos daqueles craques compuseram a seleção que fez um bom papel na Copa do Mundo de 1990, na Itália, mas que caiu precocemente nas oitavas de final. No entanto, o ápice daquela geração foi mesmo em 1994, na Copa dos Estados Unidos.

Jogando um futebol virtuoso, ofensivo e na base do talento de três peças fundamentais (Hagi, Raducioiu e Dumitrescu), a Romênia chegou às quartas de final do mundial e só foi eliminada nos pênaltis para a Suécia. O revés doeu, mas aquela equipe amarela escreveu seu nome para sempre como uma das gratas surpresas de uma Copa, derrotando seleções até então favoritas como Colômbia e Argentina. É hora de relembrar.

Base de sucesso

A espinha dorsal da seleção romena de 1994 estava formada desde a Copa de 1990. O técnico Anghel Iordanescu montou um time que teria muitos dos jogadores presentes no mundial da Itália e tinha a certeza do sucesso já nas eliminatórias. Seis nomes presentes na Copa anterior foram chamados para o mundial dos EUA: Stelea, Lupescu, Gheorghe Popescu, Raducioiu, Hagi e Dumitrescu. A equipe ainda contou com os gols dos atacantes Balint e Lacatus antes do mundial, mas se ausentaram em 1994.

Nas Eliminatórias, a equipe passou fácil por Ilhas Faroe (7 a 0 e 4 a 0), Gales (5 a 1 e 2 a 1), Chipre (4 a 1 e 2 a 1) e teve tropeços apenas contra Bélgica (vitória por 2 a 1 e derrota por 1 a 0) e Tchecoslováquia (empate em 1 a 1 e derrota por 5 a 2). A Romênia terminou na primeira colocação do grupo com sete vitórias, um empate e duas derrotas em 10 jogos, com 29 gols marcados e 12 sofridos. O desempenho do time foi muito elogiado e o futebol apresentado ainda melhor que na Copa de 1990. As expectativas para o mundial dos EUA eram as melhores possíveis, ainda mais com a dupla Raducioiu e Hagi, que se entendiam cada vez mais e eram as referências do time no ataque.

Estreia dos sonhos

A Romênia debutou na Copa de 1994 no grande estádio Rose Bowl, em Pasadena, contra a estelar seleção colombiana – tida por muitos como uma das favoritas ao título por conta do desempenho nas Eliminatórias e da goleada de 5 a 0 imposta sobre a Argentina em pleno estádio Monumental. Com grandes jogadores como Córdoba, Valencia, Valderrama, Rincón e Asprilla, a equipe dava mesmo pinta de que poderia brilhar. Mas em campo o público viu outra coisa.

 Com Hagi endiabrado, a Romênia comandou as ações desde o início e abriu o placar exatamente após o craque tomar uma bola no meio de campo com muita categoria e iniciar um contra-ataque que resultou num gol de Raducioiu: 1 a 0. Tempo depois, Hagi tentou marcar um golaço por cobertura ao ver o goleiro Córdoba adiantado, mas a bola foi para fora. Mas o camisa 10 teve outra chance. E fez. Em uma jogada pela esquerda, Hagi recebeu e fez que ia cruzar. No entanto, a bola pegou uma trajetória incrível e entrou no fundo do gol de Córdoba: golaço! A Colômbia tentou uma reação ainda no primeiro tempo com um gol de Valencia e continuou a investir no ataque, mas a zaga romena esteve segura e muito bem postada durante toda a segunda etapa. A vitória foi sacramentada perto dos 45, com mais um gol de Raducioiu aproveitando uma saída errada do goleiro colombiano: 3 a 1.

A vitória inflou os romenos, que foram com o moral alto para o jogo seguinte contra a Suíça em Pontiac. No entanto, os amarelos “amarelaram” e levaram 4 a 1 dos suíços, com uma atuação desastrosa de toda a zaga romena e do goleiro Bogdan Stelea, que perdeu a vaga para Florin Prunea já na partida seguinte, contra os donos da casa, os Estados Unidos. Novamente no Rose Bowl, a Romênia não se intimidou com a torcida toda contra e venceu por 1 a 0, gol do lateral-direito Petrescu. A zaga romena superou a pane da partida anterior e conseguiu evitar que os americanos empatassem o jogo, segurando a vitória e a primeira colocação do Grupo A. Pela segunda vez seguida, os romenos estavam classificados para as oitavas de final. Mas o adversário seguinte não seria nada fácil: a Argentina.

 
A vitória épica

 Quis o destino que o Estádio Rose Bowl fosse o palco de mais um jogo da Romênia naquela Copa. O local já era um talismã para os amarelos, que tinham pela frente um adversário terrível: a Argentina, já desfalcada de Maradona, mas ainda muito forte com Ruggeri, Sensini, Redondo, Simeone, Ortega, Balbo e o artilheiro Batistuta.

A Romênia foi para o jogo cautelosa, com um zagueiro a mais e sem Raducioiu. A tática prevenia a equipe de levar sustos dos argentinos e dava mais liberdade para a criação de Hagi no meio de campo. E os mais de 90 mil torcedores viram uma partida histórica naquele dia 3 de julho de 1994. A Romênia parecia jogar com uma maturidade tremenda e contra uma seleção qualquer do leste europeu, sem sentir pressão alguma. Logo aos 11 minutos, Dumitrescu bateu uma falta magistral do canto esquerdo do campo e marcou um golaço: 1 a 0. Aos 16, a Argentina empatou de pênalti com Batistuta. Apenas dois minutos depois, Dumitrescu tabelou com Hagi na direita e marcou mais um lindo gol: 2 a 1.

A Romênia dominava o jogo e queria mais, obrigando o goleiro argentino Islas a operar verdadeiros milagres. No segundo tempo, o nervosismo começou a aparecer na Argentina, que teve três jogadores advertidos com cartão amarelo. Já a Romênia seguia jogando o fino, com Dumitrescu e Hagi simplesmente irresistíveis. E aos 13, a dupla voltou a aprontar. Dumitrescu roubou a bola no meio de campo e iniciou um contra-ataque mortal. Ele foi avançando até encontrar o companheiro Hagi livre na direita. Dumitrescu só rolou e o maestro da camisa 10 fuzilou: 3 a 1. Que jogo fazia a Romênia! A Argentina quis atrapalhar o show romeno com mais um gol, marcado por Balbo aos 30, mas era tarde: Romênia 3×2 Argentina.

Os europeus estavam pela primeira vez na história em uma etapa de quartas de final da Copa do Mundo. Ninguém parecia acreditar que a poderosa Argentina estava eliminada por uma seleção com pouquíssima tradição no futebol. Mas estava. E sem apelação, apenas com a beleza do futebol de Hagi e, principalmente, de Dumitrescu, que teve uma atuação de gala naquele jogo com dois gols e uma assistência.

Sem a casa, sem o amarelo e sem a vaga

Nas quartas de final, a Romênia teve pela frente a seleção da Suécia, que também fazia uma ótima Copa e mostrava muita qualidade ofensiva com Dahlin e Brolin, e defensiva com o ótimo goleiro Ravelli. Os romenos foram completos para o duelo e com o reforço de Raducioiu no ataque, ao lado de Hagi e Dumitrescu. Mas havia dois fatores que poderiam atrapalhar o time: o primeiro era o local do jogo, Stanford, longe do “lar doce lar” de Pasadena. O outro era o uniforme, pois naquele jogo a Romênia jogaria de vermelho, e não de amarelo.

A partida foi equilibrada, mas a Suécia deu muito mais trabalho para os zagueiros romenos do que os atacantes romenos para a zaga sueca. No segundo tempo, uma falta muito bem ensaiada pela Suécia resultou no primeiro gol do jogo, marcado por Brolin, aos 33. Mas, aos 43, a Romênia conseguiu o empate depois de uma falta cobrada para a área e que encontrou os pés de Raducioiu, chutando alto, sem chances para Ravelli.

O placar em 1 a 1 permaneceu até o apito final e o jogo foi para a prorrogação. Nela, a Romênia aproveitou uma falha da zaga sueca e virou o jogo com Raducioiu: 2 a 1. Faltava pouco para a semifinal. Para facilitar ainda mais, Stefan Schwarz foi expulso, deixando os suecos com 10 homens. Porém, quem esperava um jogo mais tranquilo e uma classificação certa dos romenos se surpreendeu. Faltando cinco minutos para o fim, Kennet Andersson aproveitou uma bola cruzada para a área, além da saída errada do goleiro Prunea, e conseguiu o gol de empate: 2 a 2. Era um duro balde de água fria nos romenos, que teriam que decidir a vaga nos pênaltis.

A Suécia começou as cobranças e perdeu com Mild, que chutou pra fora. Raducioiu, Hagi e Lupescu fizeram para os romenos e Andersson e Brolin para os suecos. Na quarta cobrança da Romênia, Petrescu chutou e Ravelli defendeu. Ingesson e Nilsson  converteram para a Suécia e Dumitrescu para a Romênia, empatando o jogo e levando para as cobranças alternadas. Larsson marcou para a Suécia, mas Belodedici chutou e Ravelli defendeu mais uma, garantindo os suecos na semifinal contra o Brasil. Terminava ali a saga romena na Copa do Mundo de 1994, infelizmente de maneira precoce, mas o bastante para eternizar aqueles jogadores na história das Copas.

 Carentes da Era Hagi

O desempenho notável da Romênia na Copa de 1994 foi manchete em todos os jornais do planeta. Para todos, foi uma judiação aquela equipe tão talentosa e que jogava um futebol bonito e ofensivo ter caído nas quartas de final. O Brasil foi o campeão daquele mundial, mas a Romênia e a Bulgária (outra surpresa) foram as seleções mais lembradas e queridas dos torcedores naquele Mundial. Depois da façanha de Hagi, Dumitrescu e Raducioiu, a seleção amarela jamais brilhou de maneira tão intensa em outra Copa, tendo participado desde então apenas do Mundial de 1998, no qual foi bem na fase de grupos, mas eliminada nas oitavas de final para outra seleção imortal: a Croácia de Suker. Com isso, resta aos torcedores romenos esperarem por uma nova safra de craques como aquela de 1994. Enquanto ela não chega, as lembranças e feitos de um time encantador e que destronou a poderosa Argentina seguem na memória de todos. Uma seleção imortal.

 Os personagens:

Florin Prunea: se tinha um setor que a Romênia era fraca naquela Copa era no gol. Depois de uma partida desastrosa de Stelea no jogo contra a Suíça, Prunea assumiu a titularidade, mas mesmo assim não transmitiu segurança para a torcida, levando gols bobos, como o de Balbo no jogo contra a Argentina. Nas quartas de final contra a Suécia, o goleiro saiu bisonhamente mal e permitiu o gol de Andersson na prorrogação, gol este que empatou um jogo quase ganho pelos romenos. Prunea disputou 40 partidas pela seleção.

Bogdan Stelea: disputou 91 partidas com a camisa da Romênia e se tornou um dos que mais vezes vestiu o manto da seleção. Seria o titular durante toda a Copa de 1994 não fosse a partida contra a Suíça, quando levou quatro gols e quase colocou a classificação em risco. No jogo contra os EUA, já não foi mais titular e viu do banco a caminhada da equipe até as quartas de final.

Dan Petrescu: com 95 jogos pela Romênia, o lateral é o quinto na lista dos que mais atuaram pela seleção. Fez carreira no Steaua Bucareste no final dos anos 80 e teve destaque no Chelsea dos anos 90, atuando sempre na zaga ou na lateral direita. Costumava apoiar muito bem o ataque e até anotava alguns gols, como o da vitória por 1 a 0 sobre os EUA naquela Copa.

Daniel Prodan: zagueirão alto (1,88m), Prodan poderia ter tido uma carreira mais duradoura não fossem as contusões que tanto o azucrinaram. Quando esteve bem, ajudou sua seleção e equipes como Steaua Bucareste e Atlético de Madrid com boas atuações no jogo aéreo e sem invencionices na defesa.

Tibor Selymes: o defensor Selymes começou na reserva, mas foi ganhando espaço no time e foi peça importante no esquema de jogo da Romênia na Copa. Podia jogar como lateral-esquerdo, zagueiro e volante.

Gheorghe Mihali: outro bom zagueiro daquela seleção e que fez carreira no Dinamo Bucareste. Não era muito alto (1,78m), mas ia bem nas jogadas aéreas e nos passes. Disputou 31 jogos com a camisa da seleção.

Miodrag Belodedici: foi um dos maiores defensores da história da Romênia e um dos grandes nomes da zaga do Steaua Bucareste entre 1982 e 1988, sendo uma das peças-chave na conquista da Copa dos Campeões de 1986. Notável por sua elegância e precisão nos desarmes, Belodedici foi um dos líberos de maior prestígio na Europa. Na seleção, era mais polivalente e podia jogar em outras posições do sistema defensivo. No começo dos anos 90, deixou a Romênia e brilhou no Estrela Vermelha, onde também venceria uma Liga dos Campeões, em 1991, sendo um dos poucos a ter conquistado a taça por duas equipes diferentes (e o único a vencê-la por dois times do leste europeu). Foi um dos jogadores mais vitoriosos no final dos anos 80 e início da década de 90 na Europa.

Ioan Lupescu: meio campista com muita força na marcação e na proteção à zaga, Lupescu foi outro fundamental no esquema tático da Romênia naquela Copa. Fez carreira no Dinamo Bucareste, virou técnico e até membro da diretoria da FIFA em meados de 2008.

Gheorghe Popescu: um mito da Romênia, Popescu foi um dos maiores craques de seu país em todos os tempos e um ícone, ao lado de Hagi, na década de 90. Foi capitão do Barcelona, brilhou no Galatasaray campeão da Copa da Uefa de 2000 e mostrou-se polivalente ao atuar tanto na zaga quanto no meio de campo. Popescu disputou 115 partidas com a camisa da seleção, o terceiro na lista dos que mais atuaram pela equipe.

Dorinel Munteanu: polivalente do meio de campo, grande armador e muito eficiente na marcação, o pequenino Munteanu é o jogador que mais vestiu a camisa da Romênia na história: 134 partidas. Jogou em várias equipes de seu país e em clubes da Bélgica e da Alemanha.

Gheorghe Hagi: é o maior jogador romeno de todos os tempos e um ícone dos anos 80 e 90. Meia habilidoso, Hagi era letal em bolas paradas e marcava muitos golaços, como bem viu o mundo na Copa de 1994. Foi soberano no campeonato romeno por vários anos, sendo o principal artilheiro do país. Brilhou no Galatasaray, da Turquia, no final da década de 90 e início dos anos 2000. Durante anos foi o maior artilheiro da seleção com 35 gols em 125 jogos, até ser superado por Adrian Mutu, que chegou aos mesmos 35 gols, mas em 77 partidas. Hagi foi escolhido para o time ideal da Copa de 1994 e ficou conhecido como o “Maradona dos Cárpatos” por sua semelhança física e na bola, com Dieguito.

Ilie Dumitrescu: cheio de habilidade, grande movimentação e faro artilheiro, Dumitrescu fez uma parceria memorável com Hagi naquela Copa de 1994. Destruíram praticamente sozinhos a Argentina nas oitavas de final e foi também uma das estrelas do mundial. Seu futebol despertou o interesse do Tottenham, que contratou o meia logo após a Copa. Dumitrescu marcou 20 gols em 62 partidas pela Romênia.

Florin Raducioiu: completou o “trio de ouro” da Romênia naquela Copa com quatro gols marcados, muita habilidade e oportunismo. O atacante foi a referência do time enquanto esteve em campo e ganhou notoriedade o bastante para deixar a reserva do Milan na época e ser titular no Espanyol logo após o Mundial. Teria sido o herói romeno com seus gols contra a Suécia, mas a desatenção da zaga na prorrogação acabou com o sonho do atacante. Raducioiu marcou 21 gols em 40 partidas pela seleção.

Anghel Iordanescu (Técnico): como assistente de Emerich Jenei, Iordanescu fez história no grande Steaua Bucareste do final dos anos 80 que quebrou recordes de invencibilidade na Romênia e conquistou a Europa em 1986. Jenei foi para a seleção e Iordanescu continuou o trabalho de seu companheiro no Steaua. Tempos depois, foi a vez de Iordanescu assumir a seleção e melhorar o que já era razoavelmente bom. O treinador construiu um time ofensivo, coeso e que tinha em Hagi a magia para encantar. Deu certo e a seleção amarela foi longe, conseguindo o melhor resultado de sua história.

 

Fonte(s): Imortais do Futebol

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